A origem do problema “fábricas de filhotes”

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Quem me segue há mais tempo já sabe que meu começo de trabalho com cães foi através do manejo de cães, em canil, na criação profissional que meu marido, na época, fazia. Minha responsabilidade era a de cuidar dos cães, no dia a dia do canil (limpeza, manutenção, alimentação, lazer, comportamento).

Foi assim, buscando entender como lidar melhor com vários bulldogues juntos é que fui caminhando na seara do comportamento canino… passando por cutucões, enforcadores e broncas até, finalmente, me encontrar na metodologia de reforço positivo (onde eu não precisava que nenhum cão me “respeitasse” pelo medo do meu tom de voz ou força física). Aleluia! Amém!

Recente e recorrentemente vem à tona manchetes sobre a exploração de cães, pelas “fábricas de filhotes”. E uma parte extremista da sociedade protetora e defensora de animais começa a falar irresponsavelmente sobre não se comprar, e só se adotar cães.

Toda verdade tem sempre mais de uma verdade adjacente. Vários são os aspectos de uma situação. A criação deliberada de raças evoluiu para o que temos de cães, atualmente. Assim como, a criação irresponsável contribui para o problema social que se tornou o abandono de cães, em todas as cidades do país.

Criar um cão pensando em se preservar e melhorar características físicas e emocionais é extremamente difícil, custoso e contraproducente. Existem bons criadores, ainda que uma minoria, que se preocupam em reproduzir e produzir bons cães. Esses criadores não vendem seus filhotes para qualquer pessoa, não expõem seus filhotes em vitrines de pet shoppings, nem vendem com anuncios no mercado livre ou olx.

Bons criadores se preocupam com seus filhotes, antes deles nascerem pensando num cruzamento que favoreça bons genes, durante a gestação proporcionando que a matriz tenha qualidade de vida, após seu nascimento oferecendo e propiciando um desenvolvimento completo ao filhote e, só vendem seus filhotes (sim! é preciso vender pois um valor precisa ser cobrado pois todas essas garantias à produção de um bom cão são onerosas) a famílias previamente selecionadas, informadas sobre as demandas daquele filhote e com contrato que garanta que essas demandas serão atendidas pela família.

E, apesar de vender os filhotes, proporcionar que os cães do canil tenham dignidade e qualidade de vida, muitas vezes, pode nem cobrir as despesas que se tem.

Então, quando você pechincha o preço de um filhote de raça que você quer ter, você contribui para a manutenção das fábricas de filhotes.

Cães de raça bem criados custam caro e, portanto, o valor que você se propõe a pagar está diretamente relacionado à qualidade de vida que o criador ofereceu para que esse cãozinho fosse gerado.

Se você não está disposto a pagar um preço justo por isso, adote! Existem milhões de cães que precisam de um lar e que, em troca, te amarão e serão ótimos companheiros!

Se você quer um cão de raça, esteja disposto e preparado a pagar. Visite o canil, conheça os padreadores (observe-os fisicamente mas, também, seu comportamento). Avalie as condições em que os cães desse canil são mantidos e tratados. Faça visitas, várias visitas, em horários diferentes. Não compre por impulso! Entenda as demandas daquela raça! Não compre uma fêmea para, depois, reproduzir e “salvar o dinheiro que você gastou”. É muito comum que isso aconteça mas, a reprodução de um cão só deveria ser permitida por criador capacitado.

Percebe como a responsabilidade de promover essas fábricas de filhotes é de cada um de nós?

a origem do problema das fabricas de filhotes

Não sejamos radicais a ponto de pensar que não devemos comprar… Não devemos comprar dos maus criadores. Se não tomarmos cuidado, a nossa sociedade tende a difundir uma mensagem que pode acabar por extinguir os cães. Já pensou cães ameaçados de extinção?

Se não houverem bons criadores para perpetuar as raças e se todos os cães forem esterilizados/castrados para “resolver” o problema de cães abandonados, num futuro não muito distante, cães podem não existir.

Conscientizemo-nos de que as nossas escolhas fazem a diferença! Mas, que entendamos o problema na sua origem antes de sair julgando e condenando todas as partes.

p.s.: não tenho mais nenhuma ligação com criação e reprodução de cães. Não vendo sémen do Aramis. Não tenho nenhuma intenção em criar, nunca mais. Cada filhote que entreguei, no período em que criava, me custou muito sofrimento físico e emocional.

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